No meu caminho há sempre uma ponte que me leva ao começo de mim quando insisto em acolher uma atitude contrária ao que sou. Não tem jeito, fui moldada na argamassa dos meus ideais, e eles assinaram um contrato com a eternidade. Estão sempre por aí, exigindo providências e feituras, que muitas vezes ultrapassam a minha capacidade de ação. Fazer o quê? Vou vivendo e aprendendo cada vez mais a exercer a minha cidadania, procurando fazer a diferença entre tantos seres mutilados por percepções enganosas.
Posso evoluir em diversos aspectos da minha vida, estagiar pelas mais diversas culturas, mas aquilo que sou e que fez parte do alicerce que serviu para construção das minhas raízes; isso continua inalterado. Não sofre de impermanência.
Quer um exemplo? Nada, nenhum dinheiro, nem nenhum poder do mundo, me fazem trair as minhas convicções e os meus valores morais. Tudo o que aprendi sobre o respeito ao direito do outro, à natureza e ao amor incondicional pela minha Pátria – quaisquer que sejam os seus governantes e seus desmandos – ficaram impregnados em mim, perfumando a minha alma de uma forma indelével.
Por conta disso, no meu dia e a cada dia procuro exercer a tolerância e a paciência, mas está difícil diante de tanto descalabro. Olho através da janela do meu carro e vejo o cidadão a minha frente – será que ele pode ser chamado assim – atirando o lixo à rua. Abro os jornais e vejo, envergonhada, a corrupção campeando e a impunidade servindo de convite, de porta de entrada, para aqueles que querem que a lei de Gerson permaneça “ad infinitum”. Ouço histórias de autoridades que deveriam dar exemplos, mas que se locupletam no poder à custa da miséria alheia. E como se não bastasse tudo isso, ainda tem o anacronismo de certas pessoas que parecem estar na era da pedra lascada e não sabem ainda os seus lugares no mundo. Do contrário, não exibiriam sua arrogância e o seu despreparo pra vida, perguntando por aí: -“vocês sabem com quem estão falando?”
Ah, que dá uma vontade danada de responder, isso dá:
- “se o senhor não sabe, imagine eu!”
É por essas e outras, que alguns brasileiros se desencantam e vão embora. Esquecem que o Brasil são eles e atravessam uma estrada que não tem ligação com a ponte do começo de mim!
Um comentário:
Daí eu retomo nossa conversa de dias atrás, convencida de que essa linguagem universal chamada gentileza, senso de valor e respeito pelo outro - o velho amor ao próximo - aprendi em casa, pelo exemplos que vi.É a ponte mais segura que se pode construir para alguém atravessar.
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