Querido Santo Antônio,
não fique zangado comigo, pois se casamento fosse bom você não teria escolhido o celibatário. Esse compromisso, querido santo, não nasceu para a eternidade. Ele anda se esgueirando de quem, como eu, gosta de colecionar ilusões, por isso, nesse momento, tudo o que desejo é alguém para namorar! Namorar, sim, é uma alegria, um jardim cheio de flores, um bilhete premiado. É o céu aqui na terra! Você já percebeu que durante o período de namoro os verbos são sempre conjugados em uníssono? Tudo é acordado, dividido, partilhado: alegrias, sucesso, tristezas e dores. O outro, aquele que nós escolhemos por livre e espontânea vontade, entre tantos, é a moldura certa para o nosso retrato. Juntos, fazemos planos, projetos e contabilizamos perdas e ganhos. Juntos, arrumamos a casa do futuro. Tudo é na base do só vou se você for. A união é perfeita, até o dia em que despertamos com o outro instalado na nossa cama, na nossa casa e percebemos que não era bem isso o que queríamos. Assustados, irritados, surpresos, perguntamos: quem é essa/esse estranho que dorme ao meu lado? O que foi que eu fiz com a minha vida? Em que esquina perdi a minha liberdade? A partir desse dia, o outro cheira a naftalina e o que sobra como herança de uma relação, que antes era tão perfeita, é um pote até aqui de mágoas. O amor passa a ser um rascunho, um desenho mal acabado de um projeto que não vingou. Daí em diante, tudo perde a forma, a cor, a alegria e implicamos com qualquer bobagem, com coisas de somenos importância. Agora, o príncipe é um sapo e a cinderela a gata borralheira, quando não, o nosso maior inimigo e, para nos proteger, colocamos cercas ao nosso redor, nos distanciando cada vez mais. Nesse instante, olhamos nos olhos um do outro e percebemos que ali não há mais sentimento, afeto, respeito e admiração. Perdemos a chave da casa e do coração. É o fim! Por isso, meu querido santinho, nesse dia dos namorados, eu lhe peço: desista de me casar e envie-me logo um namorado que seja: trabalhador, honesto, viril, inteligente, bonito, sarado, tolerante, paciente e submisso. E, de quebra, que não goste de discutir a relação, para que, num futuro próximo, eu possa substituí-lo quando algo não me agradar, pois eu quero mais é ser feliz e namorar, namorar, namorar... Obrigada!
Crédito de Imagem: Dikkat Sanat Var
Um comentário:
rssssssssss... Adorei tua cartinha e o bom humor! E namorar é legal, mesmo depois de casados! bjs, chica
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