Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

novembro 11, 2020

A Dor do Outro Quanto Custa ao seu Bolso?

 















As eleições estão se aproximando. A propaganda eleitoral gratuita começou nas rádios e TVs do nosso País. Em época de pandemia não pode haver comícios, nem abraços, tapinha nas costas, tampouco colocar crianças nos braços como faz a maioria dos candidatos.

Tempos atrás, seguíamos em carreata por um que nos representasse. Sonhávamos com o candidato que rasgasse a fantasia do seu antecessor e, em nosso devaneio, acreditávamos em suas promessas de campanha. Hoje, urge fazer uma pergunta:

- Quantos candidatos podem tirar o véu da hipocrisia? Quantos deles podem empunhar a Bandeira e cantar o Hino Nacional sem que o rubor da vergonha tolde as suas faces?

Antes que os apressados de plantão me julguem, quero lhes dizer que pouco entendo de política e que, durante décadas, entreguei o meu voto a quem me pareceu coerente em relação ao discurso e a sua vida pública.

Todavia, devo admitir que em tempos de eleições é nefasto ficar calado, quando abundam propagandas e promessas de campanha irrealizáveis.

Recorro então às gavetas da minha memória e retiro uma frase já gasta pelos anos: “para mudar o mundo terá que primeiro modificar a si mesmo”. Isto me leva à história do passarinho que ao ver a floresta pegando fogo foi à busca de água para apagar o incêndio. Logo, os apressados de plantão disseram que era loucura e riram da sua atitude. Porém, o pássaro respondeu:

- Estou apenas fazendo a minha parte!

Pois bem, neste momento, mesmo sem entender a ciência da política, eu me visto de penas e lhes dou um conselho: não vote em candidato que vai legislar em causa própria... Vivemos em uma aldeia global. Investigue, informe-se!

Exercite a razão! Ela o conduzirá à liberdade de pensamento e ninguém o fará massa de manobra para fins eleitoreiros. Como você, eu também estou exercitando a minha. E tenho me surpreendido cada vez mais com os resultados.

A essa altura do campeonato não tenho político de estimação e, confesso, desconfio dos moralistas... Estes são os piores. Em nome da Pátria e da Família cometem atrocidades.

Meu voto é pela coerência entre o discurso e a prática. Pois a maturidade me mostrou que o véu da hipocrisia norteia a vida de muitos dos atuais candidatos.

A partir deste pleito eleitoral eu vou perguntar aos vereadores e prefeitos, de agora, e, também, aos futuros deputados, governadores, senadores e presidentes da república:

- A dor do outro quanto custa ao seu bolso? Até quanto vale barganhar a miséria humana para ser eleito?

A depender da lisura e do engajamento político e social destes futuros representantes do povo, eles poderão ganhar o meu voto e a minha admiração. Não estou a busca de candidato perfeito. Todos são, demasiadamente, humanos! Mas, espero por alguém que não deite em berço esplêndido, enquanto as caravanas de mortos, de famintos e desempregados passam. Até lá, desejo que a lâmina do meu verbo esteja afiada pela consciência e pela razão! Estou de olho neles!


Um comentário:

chica disse...

Belaz e verdadeiras colocações,Julieta. Temos que estar de olhos bem aberto pois eles, na grande maioria, pensam apenas no cargo e nos seuss bolsos. O resto, se dane!! beijos, chica